Dear Esther

Então finalmente foi lançado o esperadíssimo Dear Esther.

(Minha métrica para expectativas de jogos resume-se a meia dúzia de “especialistas” do twitter, deal with that.)

Se você não sabe do que se trata, senta que lá vem hist… Resumo.

Senta que lá vem resumo.

Resumo (por um) Idiota

O protagonista acorda em uma ilha.

Uma ilha aparentemente deserta, embora mostre sinais óbvios de que já foi habitada, como um farol avistado ao longe.

Logo no primeiro momento, um narrador lê um trecho de uma carta, falando sobre uma série de acidentes que culminou em um naufrágio. Nas palavras dele, “como se tudo que aconteceu na sua vida fosse para trazê-lo até esta ilha”.

A partir de então, você está livre para caminhar pela ilha, desvendando seus mistérios. É aí que vem a sacada do jogo:

Você não corre, pula, armazena itens, resolve enigmas, enfrenta inimigos, foge de perigos invencíveis, coleta recursos, produz exércitos… Nada disso.

Você simplesmente caminha pela ilha, por caminhos, que não parecem mas são, lineares. Ao passar por determinados ambientes ou olhar diretamente para determinados pontos, um novo trecho do diário/correspondência é lido e você tem mais um pedaço deste grande enigma.

Mas isso é legal?

Qualé a do jogo?

Os criadores admitiram publicamente que a intenção era contar uma história movida pela jogabilidade.

Um chato poderia (com razão) dizer: “Mas oras bolas, de que jogabilidade eles estão falando?”

Oficialmente, a história não vai seguir adiante enquanto você ficar parado observando os belíssimos cenários pelo tempo que quiser.

Mas eu concordo com você, meu caro amigo chato. Isso não é bem uma jogabilidade.

A trilha sonora é impecável, os efeitos sonoros são ótimos, o gráfico é excelente. Damn, até a voz do narrador é agradável. Tudo isso contribui pra uma imersão sensacional, tanto que eu não consigo falar “o protagonista desce a caverna, pra investigar o brilho estranho lá no fundo” nesse jogo.

VOCÊ desce a caverna, caminha pela trilha precária, entra no farol abandonado.

Mas… Hm… Você quer ir até a ilha?

Vale a pena?

Muito tem-se dito por aí que esse não é um jogo pras massas. Que se você é o tipo de jogador que se diverte atirando laser ou brandindo uma espada na cara de seus inimigos, mantenha distância de Dear Esther.

E eu achei que essas palavras carregavam um certo tom de desdém, tal qual um fã de filmes cults, “cabeças” (também conhecidos como “filmes-com-closes-que-duram-pelo-menos-quinze-minutos-em-camelos-mastigando”) se acha superior aos reles mortais que se divertem com risadas e explosões.

Eu não vou nem perder tempo defendendo ou criticando este ou aquele ponto de vista.

Até porque eu não consegui me divertir com Dear Esther. Pois é.

Eu vou atrás de jogos pela história, antes sequer de pensar em jogabilidade. Dessa forma eu jogo Mass Effect, bem como Starcraft, Braid e Streets of Rage.

Mas:

Dear Esther é CHATO DEMAIS!

Até procurei palavras mais doces e diplomáticas, mas não deu. Eu não passei do segundo capítulo do jogo.

Assim, a história é ótima. Até onde eu pesquisei, você é levado a acreditar que a história é mais real que a ilha em si. As narrativas são bem emocionantes, falando de arrependimento, felicidade nas coisas simples, agora perdidas e família, amigos e companhias.

Raciocinando, os criadores do jogo sabem que o povo do filme do camelo não é, nem de longe, um público grande o suficiente pra bancar um projeto dessa magnitude (ou mesmo sustentar os desenvolvedores).

Então qualé?

A Importância do Jogo

Atualmente os jogos independentes vêm tendo bastante espaço. Especialmente plataformas como o Steam e a Apple Store ajudam a incentivar a produção em massa, pulando a necessidade de uma distribuidora ou mídias físicas os desenvolvedores podem cobrar preços baixíssimos e justos por suas criações.

Isso abre espaço pra gigantescas revoluções nos jogos, verdadeiros laboratórios de ideias. O cenário indie (aproveitando a chance de usar o dialeto das internets) é grande responsável pelo reconhecimento dos jogos como forma de arte e não mais como entretenimento barato e infantil.

Por isso, Dear Esther é entendiante e quase não pode ser considerado um jogo. Mas criou uma experiência inédita.

E por isso é importante e deve ser respeitado.

Apesar de ser chatíssimo.

Uma resposta em “Dear Esther

  1. Uou…

    Vi o Banner no steam, mas nem entrei na pagina do jogo em si.
    Agora, vou ate dar uma conferida.. afinal jogos “diferentes” merecem uma olhada mais próxima… assim eu conheci os ótimos BRAID, PORTAL, LIMBO e etc…

    VLW

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